O diário exercício da humildade

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17 de março de 2017

Se alguém me perguntar o que significa ser imigrante, eu diria que é um exercício diário de despretensão. Modéstia por ter que aprender as novas direções e endereços, precisar perguntar, se perder, aprender o novo idioma e, entre tantas outras coisas, pagar muito mico.  Exatamente como uma criança, que começa no jardim de infância, ou quando muda de escola e necessita recomeçar.

Não é à toa que emigrar representa a reinvenção de si mesmo. E recriação denota inventividade, descoberta, coragem. Destemor para exercer o papel que está aprendendo, mesmo que tenha 30, 40, 80 anos. Mudou de país, tem que se recriar.

Eu diria que ser estrangeiro nos dias de hoje tem um fator desfavorável: como os partidos populistas têm apertado as ações contra esse grupo e as propagandas negativas se arrefecido, pertencer a essa comunidade pressupõe viver com o sentimento de que se te aceitam hoje, amanhã tudo pode ser diferente. Eu não vivo particularmente essa pressão, mas acredito que muitos conterrâneos passem por isso nesse momento em outros lugares do mundo. Mais um sentimento para se colocar na mochila da humildade – afinal, nem todos irão gostar de você e te aceitar com suas bizarrices de pessoa de outro parte do mundo.

Política à parte, ser estrangeiro é muito bom! Enriquece o ser humano, o faz questionar sobre seus hábitos e ainda oferece a possibilidade de escolha entre o antigo e o novo. Viver fora do seu país te permite melhorar, crescer e expandir os horizontes. Muitas vezes, o processo é muito sofrido, mas mesmo que seja para voltar ao local de origem, vale a pena experimentar, só para ter certeza de que as suas antigas convicções podem cair por terra.

 

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